Dispensa apresentações nos Campeonatos Nacionais. Um pesadelo para qualquer adversário com mais de 130 golos, regressou agora a casa e é no “seu” Beira-Mar que ainda quer conquistar coisas bonitas. Em entrevista exclusiva, Marcelo Santiago.
À porta dos 36 anos, mas a alegria ao domingo é a mesma?
Antes de mais agradecer o vosso convite e enaltecer o vosso trabalho. O Campeonato das Oportunidades tem promovido muito bem o “nosso” campeonato.
Em relação a minha alegria ao domingo com 36anos… com o passar dos anos dei por mim a valorizar cada vez mais aquilo que faço, a desfrutar de cada treino e de cada jogo. Tenho perfeita noção que a cada ano que passa o fim da minha carreira aproxima-se portanto tento desfrutar ao máximo a fazer aquilo que mais amo, jogar futebol!
Por isso mesmo considero que a alegria é cada vez maior por ter o privilégio de fazer o que mais gosto.
Se as contas não nos falham tens mais de 130 golos na carreira. Como descreves este caminho?
Sinceramente também não sei ao certo quantos são mas posso já dizer que deviam ter sido muitos mais (risos). Agora mais a sério, tem sido um caminho de grande aprendizagem até agora. Nem sempre as coisas correram como idealizava e nem sempre eu tive a capacidade de superar as adversidades que o futebol me colocava por isso mesmo digo que podiam ter sido mais golos. Ainda assim orgulho-me do que conquistei individual e coletivamente até agora mas ainda há coisas por conquistar! Acredito muito no trabalho e por isso mesmo digo que ainda há coisas por conquistar.
A fome de golo continua a ser a mesma?
A fome de golo esteve sempre presente. Como se costuma dizer “o avançado vive de golos” e por isso é importante para nós contribuirmos dessa maneira para as vitórias da nossa equipa mas não é só isso que me “alimenta”. Gosto muito de avançados que façam golos e que também participem ativamente no processo ofensivo da equipa.
Mas sem fugir a questão, a minha fome de golo está intacta.
Grande parte da formação feita no Beira-Mar e agora nesta fase da carreira regressas ao clube. É o emblema especial?
Sim claramente!
Nos meus primeiros anos como sénior lembro-me perfeitamente de pedir ao meu empresário para tentar colocar-me no S.C.Beira-Mar mas por uma razão ou por outra nunca se sucedeu.
Entretanto o clube passa pelo que todos nós sabemos e voltamos a cruzar.
Felizmente para mim voltei ao clube porque depois de ter jogado por todos os escalões de formação só me faltava mesmo jogar pelos seniores.
Uma Série B de loucos! Que análise fazes?
Esta série é muito competitiva. Há imenso equilíbrio no Campeonato de Portugal e esta série não foge à regra. Vai ser uma luta tremenda até ao fim tanto para garantir os lugares de acesso a fase de subida como para não descer.
Acreditas que o Beira-Mar estará na luta até ao fim?
Acredito claramente que sim.
Neste momento estamos aquém das expectativas na tabela mas sabemos que temos vindo a melhorar e que estamos no caminho certo. Continuando a trabalhar arduamente, como temos feito, vamos conseguir aquilo a que nos propusemos!
O campeonato está cheio de jovens com talento. Há alguma coisa que lhes dirias e que gostavas que te tivessem dito e não te disseram na altura?
É realmente um facto que há qualidade e talento neste campeonato. Em relação a conselhos… felizmente sempre estive rodeado de jogadores que me ajudavam e que tentavam aconselhar da melhor maneira. O que posso dizer aos mais jovens não é nada de novo para eles mas nunca é demais salientar. O futebol “são dois dias” e só quem quer muito, quem trabalha muito, quem se dedica muito é que chega a outros patamares. É evidente que é necessário talento mas o talento sem trabalho não vai a lado nenhum. Posso terminar dizendo que hoje com 36anos sou mais profissional do que quando tinha 20 e pouco. E naquela altura só jogava futebol! Por tanto, não sejam como eu que “só” marquei 130 golos. Dediquem-se porque ser jogador de futebol é um privilégio!
